Passos para uma calçada segura.

Os ítens mais relevantes das leis nessa área são ligados à segurança.

fonte: Arquitetura&Construção.

Espaço com folga para o trânsito seguro de pedestres e cadeirantes, distância mínima entre a circulação e a guia e ausência de desníveis não sinalizados no piso são algumas das regras comuns a toda regulamentação de passeios.

1. faixa de acesso:

Mais próxima da edificação, é permitida (e recomendável) quando o passeio soma, no total, pelo menos 2,00 m de largura.
É uma opção para cultivar vegetação ou utilizar pisograma (piso ecológico) ou outro tipo de piso permeável e drenante, o que contribui para a drenagem natural de água da chuva.

2. faixa livre:

Embora a medida mínima da área dedicada ao trânsito de pedestres varie de cidade para cidade, a largura de 1,20 m é considerada adequada.
A mobilidade e a segurança desse passeio público dependem da escolha de materiais tais como placas drenantes, blocos drenantes ou blocos intertravados de concreto com juntas alargadas, que são permeáveis à água das chuvas, e sua conservação.

3. faixa de serviço:

Perto da rua, destina-se à colocação de árvores, rampas de acesibilidade, postes de iluminação, sinalização vertical de trânsito, bancos, floreiras, telefones públicos, caixas de correio e lixeiras. Precisa ter no mínimo 0,70 m.

4. piso tátil:

Piso tátil ou podotátil, são assim chamados o relevo no piso que sinaliza o caminho para o deficiente visual, e que deve ser aplicado nas esquinas, nas rampas de acesso, ao redor dos telefones públicos e em toda linha que limita a faixa de circulação.

5. rebaixamento:

Junto às faixas de travessia de pedestres, ele facilita o deslocamento de cadeirantes, pessoas com mobilidade reduzida, e carrinhos de bebê, da calçada para a rua.

6. rampa para acesso de veículos:

Recomenda-se que rampa para carros ocupe de 0,50 a 1,00 m e não mais que 1/3 da área de passeio.

Novo padrão das calçadas de São Paulo

O novo padrão prioriza a separação das calçadas em duas ou três faixas, com finalidades diferentes:

1 – A mais próxima da rua é a faixa de serviço e a largura mínima deve ser de 0,75m. É o lugar em que serão colocados sinais de trânsito, postes de iluminação, bancos e qualquer outro mobiliário urbano.

2 – A segunda, que é opcional, só pode existir em calçadas com mais de dois metros de largura. Chamada de faixa de acesso, é a que fica mais próxima ao imóvel e serve para acessá-lo. É permitido colocar mesas, vasos com plantas, toldos e propagandas que sejam adequados à decoração do prédio ou casa.

3 – A última área, a chamada faixa livre, tem largura mínima de 1,20m e serve para a locomoção dos pedestres. A cor do piso deve ser diferente das outras faixas e não pode existir nenhum obstáculo. A superfície precisa ser lisa e qualquer remendo ter acabamento, para deixar o piso sem imperfeições.

Prefeitura de São Paulo e as exigências para calçadas.

Uma das principais exigências da Prefeitura para a construção de novas calçadas em São Paulo diz respeito ao material que será utilizado. O decreto assinado pelo então prefeito José Serra, em maio de 2005, autoriza apenas quatro tipos de piso.

Feito no próprio local (piso de concreto) – A calçada é feita no próprio local, sem a necessidade de comprar peças avulsas nas lojas. A decoração pode ser feita com estampas coloridas, feitas enquanto o concreto ainda não atingiu o início do processo de secagem e endurecimento
O sistema construtivo de cada um deles é diferente, mas no fim das contas o preço pago pelo metro quadrado de cada um é praticamente o mesmo, dizem os especialistas. “Os materiais são diferentes, mas quando se conta tudo que é usado, eles se equivalem”, compara Paulo Grossi, gerente da regional de São Paulo da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

Para arquitetura histórica (ladrilhos hidráulicos) São placas de concreto de alta resistência, assentadas com argamassa, em processo parecido com o de colocação de pisos internos do imóvel. Podem ser usadas para decorar ambientes de estilo histórico, com motivos e estampas específicas
Dos materiais aprovados, o mais comum e líder na preferência dos moradores é o concreto moldado no local. Sua aplicação é bastante simples e relativamente difundida entre os profissionais. “Com uma obra em andamento, por exemplo, é possível usar a própria mão-de-obra que já está empregada para se fazer a calçada”, recomenda Grossi.
Os pedreiros também estão habilitados a fazer a aplicação dos ladrilhos hidráulicos, o segundo tipo de piso permitido. “As peças precisam ser compradas nas lojas de material para construção e são colocadas da mesma forma que um piso para cozinha ou banheiro”, indica o especialista da ABCP.

Manutenção sem quebras (Pisos intertravados) – São blocos de concreto pré-fabricados, assentados sobre um colchão de areia, travados por meio de contenção lateral e atrito entre as peças. Permitem manutenção sem necessidade de quebrar o calçamento para a execução da obra
Para vizinhanças com casas de arquitetura histórica, que remetem às décadas em que São Paulo era uma cidade com poucos prédios, os ladrilhos também são recomendados. “Ele é um piso mais tradicional, que serve para áreas de casarões. É preferido, também, por quem deseja fazer desenhos nas calçadas, isso é muito comum”, complementa José Renato Melhem, diretor do programa Passeio Livre, da Prefeitura de São Paulo.

As obras que ficam a cargo do poder municipal, como reforma do calçamento de prédios públicos, têm priorizado um tipo de revestimento chamado de piso intertravado. As peças de concreto se encaixam como se fossem um quebra-cabeça, assentados sobre uma camada de areia, sem precisar de argamassa. A grande vantagem desse tipo de pavimento é a possibilidade de fazer consertos em tubulações subterrânea sem a necessidade de quebradeira – basta desencaixar as peças, abrir o buraco e depois recolocá-las no local.

Torna a calçada permeável (concreto pré-moldado) – Placas de concreto, fixas ou removíveis, para piso elevado ou assentamento diretamente sobre a base. Com o uso de placas removíveis, a calçada se torna permeável. Nos demais casos, pode ser projetada para facilitar a drenagem.

A economia futura gerada por esse sistema construtivo é elogiada pelos engenheiros e demais especialistas. “Além de evitar remendos e desgaste, os pisos intertravados também não impermeabilizam totalmente o solo. A água passa pelo vão das peças”, destaca Grossi.

O quarto tipo de piso indicado na cartilha da Prefeitura são as placas pré-moldadas de concreto. Altamente duráveis, as peças já vêm prontas da fábrica, com estampas diferentes. Os modelos mais básicos também podem ser comprados em depósitos.

Moradores de ruas treinados para assentar pisos
Fonte: Jornal da Tarde

Os calceteiros treinados pela Prefeitura colocam o piso intertravado.
A melhoria nas calçadas de São Paulo auxiliou no treinamento de moradores de rua e desempregados, que participaram de uma frente de trabalho para aprender a montar os passeios de prédios públicos. Especializados na montagem de pisos intertravados, para revitalizar o calçamento das praças e principais avenidas, os alunos receberam treinamento do Senai e aprenderam mais sobre a história das calçadas.

A primeira turma foi a responsável pela reestruturação dos passeios da Rua Cardeal Arcoverde, uma das primeiras a ter o calçamento ajustado às novas regras determinadas pelo decreto municipal promulgado pelo então prefeito, José Serra, de maio de 2005.

O curso para calceteiros foi promovido pelas secretarias do Trabalho, das Subprefeituras e de Assistência e Desenvolvimento Social.

José Renato Melhem, coordenador do programa Passeio Livre, diz que o projeto cresceu e capacitou muitos alunos. “Nós aproveitamos para qualificar os moradores de rua e dos albergues. Todos foram treinados para uma nova profissão. Boa parte montou cooperativas ou então foi contratado pelas Subprefeituras como funcionários.”

Prefeitura revitaliza calçadas que preserva
Fonte: Jornal da Tarde

Na Rua Oscar Freire, nos Jardins, o calçamento foi de concreto pré-moldado.

A promulgação de decreto e cartilha sobre a padronização das novas calçadas de São Paulo obrigou a Prefeitura a fazer a lição de casa e reformar os passeios que estão sob a sua responsabilidade. A ação começou no segundo semestre de 2005 e já recuperou 310 mil metros quadrados, segundo dados do próprio governo municipal.
Além dos 250 prédios públicos, 36 vias estruturais – por onde passam veículos de transporte público – e oito ruas comerciais da Cidade receberam incentivos da Prefeitura para trocar seus passeios.
A última a ficar pronta foi a Oscar Freire, que, por ser uma das regiões mais sofisticadas, recebeu calçamento de concreto pré-moldado. “A Prefeitura colaborou com serviços de recuperação do asfalto, vias e sarjetas. Só isso custou R$ 3,5 milhões. Os lojistas investiram mais R$ 1 milhão”, afirmou Rosângela Lyra, presidente da associação dos lojistas locais.
O gerente da regional de São Paulo da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Paulo Grossi, elogia a iniciativa da Prefeitura de dar o exemplo para os moradores da Cidade. “São Paulo foi a primeira cidade a abraçar a causa, levar esse projeto a sério. O trabalho andou e evoluiu, a ponto de incentivar outras cidades a seguir o exemplo. As mudanças estão ocorrendo numa velocidade que me deixa surpreso.”

A importância de facilitar o caminho dos moradores das grandes cidades saiu inclusive da região Sudeste e chegou a outros pontos do País.

Dados do último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicaram que no Brasil há cerca de 24 milhões de habitantes com dificuldade de locomoção, contingente que mais se beneficia das novas calçadas.

“Cuidar da acessibilidade é algo que não pode ficar restrito a apenas uma calçada. Tem de ser feito um programa mais amplo, que envolva todos os proprietários”, opina Grossi.
“Não adianta uma calçada estar em perfeitas condições, com sinalização para os deficientes visuais, e na calçada seguinte o pobre coitado despencar em um abismo.”

A colocação de piso de alerta para cegos, inclusive, já é obrigatório por lei federal.

Calçadas padronizadas
Fonte: Jornal da Tarde

José Melhem, coordenador do programa Passeio Livre: ‘Pegue a cartilha e tire dúvidas sobre como executar obra’
Na ‘selva de pedra’ paulistana, caminhar pelas calçadas – ou passeios, como preferem os tecnólogos – pode ser tão penoso quanto andar nas trilhas de terra batida dos parques que ainda preservam áreas de Mata Atlântica. Há quase dois anos, a Prefeitura lançou um programa para conscientizar os moradores a conservarem o caminho em frente da casa, segundo algumas normas de padronização.

O primeiro passo foi lançar, em maio de 2005, uma cartilha que ensina aos proprietários de imóveis como a calçada deve ser feita e quais materiais podem ser usados. “O correto é que, antes de fazer a calçada, o morador vá à Subprefeitura de seu bairro, pegue a cartilha e tire todas as dúvidas sobre como executar a obra”, ensina José Renato Melhem, coordenador do programa Passeio Livre.

Descumprir algumas regras básicas, como usar um material impróprio ou rebaixar guias sem autorização, pode pesar no bolso do dono da calçada. “A conservação dos passeios é responsabilidade do morador, mas a Prefeitura tem o poder de fiscalizar e multar quem não faz a manutenção”, lembra Melhem.

Desde a publicação do decreto 45.904, quem vai mudar a calçada deve seguir a padronização feita pela Prefeitura com apoio de associações que reúnem engenheiros, arquitetos e fabricantes de cimento.

A idéia é facilitar a caminhada de deficientes e idosos com problemas de locomoção. “Muitas vezes, a intenção de reformar a calçada é a melhor possível, mas as pessoas esquecem a questão da acessibilidade. É preciso seguir as recomendações para que todos consigam andar com segurança”, destaca Paulo Grossi, gerente da regional de São Paulo da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).

O novo padrão prioriza a separação das calçadas em duas ou três faixas, com finalidades diferentes. A mais próxima da rua é a faixa de serviço e a largura mínima deve ser de 0,75m. É o lugar em que serão colocados sinais de trânsito, postes de iluminação, bancos e qualquer outro mobiliário urbano.
A segunda, a chamada faixa livre, tem largura mínima de 1,20m e serve para a locomoção dos pedestres. A cor do piso deve ser diferente das outras faixas e não pode existir nenhum obstáculo. A superfície precisa ser lisa e qualquer remendo, ter acabamento – para deixar o piso sem imperfeições.
A última área, que é opcional, só pode existir em calçadas com mais de dois metros de largura. Chamada de faixa de acesso, é a que fica mais próxima ao imóvel e serve para acessá-lo. É permitido colocar mesas, vasos com plantas, toldos e propagandas que sejam adequados à decoração do prédio ou casa.

As calçadas pedem passagem.

O bom estado de conservação dos passeios públicos vai além da ausência de buracos e deteriorações. Mobilidade, acessibilidade e escolhas sustentáveis evitam multas, prolongam a vida do projeto e melhoram a saúde da cidade.

Atenção: o nome do espaço entre a casa e a rua é via pública.

E o que é um bom projeto para calçada?

“Aquele no qual, por exemplo, a faixa livre seja contínua, sem interrupções ou obstáculos”, explica Amauri Pastorello, gerente de calçadas da Prefeitura de São Paulo.

Além dos buracos e declives, que dificultam a passagem de pedestres, podem ser considerados obstáculos pedras soltas ou pisos que trepidam e, assim, complicam o trânsito de cadeirantes, carrinhos de bebê, pessoas com bengalas ou apoios ou com calçados de salto alto.

A escolha dos materiais deve ser uma das primeiras questões observadas no projeto. “Prefira os pisos cimentícios drenantes. Eles ajudam a escoar as águas das chuvas e contribuem para o combate às enchentes“, aconselha o paisagista Benedito Abbud, que prepara um livro sobre o conceito de calçada viva, que propõe que, além de transitáveis, as vias se tornem mais arborizadas, bonitas e equipadas para o esporte.

Calçadas. Quais são os revestimentos mais indicados?

Oscar Freire

Na rua Oscar Freire, no bairro de Cerceira César, em São Paulo, um projeto de reurbanização determinou a execução de calçadas uniformes, feitas de placas de concreto.

Na maior parte do Brasil, as calçadas não são padronizadas. Isso quer dizer que cada lote urbano é responsável pela execução e manutenção do trecho a sua frente, como se fosse parte do próprio terreno. Em muitas cidades do mundo, entretanto, isso é diferente. Em alguns casos, o poder público é o responsável pelas calçadas; em outros, o proprietário do lote tem o dever de construir e conservar o pavimento, mas deve obedecer um padrão rígido para garantir que todas as calçadas sejam iguais.

A padronização das calçadas em termos de dimensões, forma de vencer desníveis, acessos e acabamentos tende a criar uma paisagem urbana mais lógica que agrada muito as pessoas por passar uma imagem de limpeza e organização urbana. Há muitos arquitetos que pensam que essa deveria ser a forma a ser adotada nas cidades brasileiras. Existem alguns exemplos notórios como o calçadão da praia de Copacabana (de Burle Marx), a Avenida Paulista ou a recente reforma da Rua Oscar Freire (esta última, com projeto do arquiteto Héctor Vigliecca) que têm suas calçadas padronizadas.

Mas não é o que acontece na imensa maioria das vias. Quem realmente reina nas calçadas brasileiras é a diversidade.

O mosaico português, material que forma as ondas do calçadão de Copacabana, é uma boa opção de revestimento para qualquer calçada

Por partes

Embora pareça uma coisa só, a calçada é composta de várias partes, a começar pela guia, que é o encontro da calçada com a rua. A guia pode ser normal ou rebaixada (para a entrada de veículos) e usualmente é de granito, como um grande pedaço de paralelepípedo, ou de concreto (forma mais comum e contemporânea). Possui um padrão rígido que deve ser respeitado porque parte da rua, tem relação com a altura da porta dos carros e é importante na condução das águas das chuvas.

Materiais

Outras partes da calçada são a pavimentação (a área onde de fato caminhamos), os desníveis (que podem ser em forma de pequenas rampas ou degraus) e os encontros da pavimentação com os vizinhos, nas extremidades do lote e com a própria edificação e suas entradas. Por fim, existem os furos na calçada para implantação de uma árvore ou jardim.

A pavimentação é o primeiro item a ser pensado, uma vez que todas as outras questões vêm um pouco a reboque dessa decisão. As possibilidades de tipos de piso são extremamente amplas, e variam bastante em questões relativas a preço, manutenção, qualidade e resistência ao tempo.

Materiais como mosaico português (como o usado no calçadão de Copacabana), paralelepípedos, concreto intertravado, placas de concreto, ladrilhos hidráulicos, pedra miracema, porcelanatos rugosos, basalto, cimentado são alguns exemplos das muitas possibilidades de calçamento existentes. É bastante importante que o material jamais seja muito liso, pois a calçada pode ficar escorregadia durante uma chuva.

Encontros

É imprescindível usar um material durável e desconfie de revestimentos finos demais. Tenha em mente que as calçadas são bastante solicitadas pelos passantes, veículos e exposição a intempéries.

Os encontros com os pisos dos vizinhos são muito importantes e devem ser bem detalhados porque, do contrário, esses serão provavelmente os primeiros a revelar problemas no futuro. O encontro de materiais diferentes é sempre um ponto sensível na construção civil por isso, sempre que possível, procure usar o mesmo material da calçada do vizinho.

No caso de uma árvore ou jardim, procure sempre realizar uma limitação clara, e talvez uma mureta de concreto ou alvenaria, de forma a deixar o piso requadrado, pois este também é um ponto vulnerável por conta das chuvas e raízes das plantas.

Muitas prefeituras disponibilizam em seus sites guias de como realizar sua calçada da forma apropriada, até com indicação dos materiais que seriam os desejados pela municipalidade. As calçadas são importantíssimas para a cidade. Até quem nunca sai a pé em algum momento vai ter de caminhar por uma calçada e quanto mais bem feitas todas elas forem, mais agradável será viver em sua cidade.

Contra as enchentes, pisos permeáveis

Por Carlos Alberto Tauil*

As enchentes que afetaram a vida dos paulistanos e de muitos brasileiros de diversos estados neste início de dezembro certamente se repetirão, se não forem tomadas providências estruturais para evitá-las. Entre outros fatores, os especialistas sabem que a crescente impermeabilização da cidade, com calçadas, praças e áreas internas de condomínios e casas tendo cada vez mais reduzidas suas áreas permeáveis (jardins, estacionamentos, pontos de passagem etc.), soma-se ao fato de que mais ruas são asfaltadas e os córregos canalizados. Como conseqüência, um volume maior de água vai para os córregos que, devido à canalização, também encaminham essa quantidade muito maior de água e em maior velocidade e ao mesmo tempo aos grandes rios – Tietê e Pinheiros, no caso de São Paulo -, tornando as enchentes, muitas vezes, uma tragédia praticamente inevitável.

A prefeitura paulistana lançou neste um decreto (49.544/09) que busca a padronização e a reforma de calçadas em cerca de 600 km de rotas estratégicas da capital paulista e propõe a construção de 350 km de calçadas novas. Serão cerca de 300 ruas e avenidas a serem reformadas pela prefeitura, sob a orientação das secretarias municipais das Subprefeituras e da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida. A relação de calçadas divulgada pela prefeitura é resultado do Plano Emergencial de Calçadas (PEC), criado pela 14.675, de autoria da vereadora paulistana Mara Gabrilli. De acordo com a prefeitura de São Paulo, em 2005, com a publicação do decreto 45.904, que regulamenta o Programa Passeio Livre, a cidade passou a priorizar a acessibilidade e definiu os materiais permitidos para as reformas que são: o concreto moldado in loco, os blocos de concreto intertravado, as placas pré-moldadas de concreto e o ladrilho hidráulico. O decreto prevê ainda a readequação do mobiliário urbano, melhorando a drenagem e a livre circulação de pedestres.

Pisos intertravados

Toda essa preocupação da prefeitura paulistana com a acessibilidade e a mobilidade urbana, que devem ser bem propiciadas pelas calçadas, é muito correta. Mas tanto a prefeitura quanto os empreendedores privados do mercado imobiliário, proprietários de imóveis comerciais, industriais e outros e síndicos de condomínios e proprietários de residências unifamiliares devem pensar em alternativas para aumentar a permeabilidade de nossas calçadas, praças e demais áreas que hoje estão sendo impermeabilizadas com concreto ou asfalto. Já existem no mercado brasileiros pisos intertravados de concreto com coeficiente de permeabilidade bastante elevado e que ajuda a infiltrar a água no solo, diminuindo bastante o volume de água que é conduzido aos córregos (canalizados ou não) e, por sua vez, destes aos grandes rios de nossas metrópoles.

Os pisos permeáveis intertravados de concreto unem em um só produto um conjunto de qualidades que os recomendam ao administradores públicos e privados, contratantes e especificadores (arquitetos, paisagistas, engenheiros) de obras de calçadas, praças e pavimentos internos de condomínios comerciais e residenciais: oferecem alternativas estéticas (cores e formas) que permitem projetar com beleza, obedecem a padrões de qualidade elevados e têm custo acessível, comparado a outras soluções. Representam portanto alternativa eficaz contra a impermeabilização do solo urbano e devem cada vez mais constar das possibilidades de uso em normas legais das cidades brasileiras.

*Carlos Alberto Tauil é arquiteto e secretário executivo da BlocoBrasil (Associação Brasileira dos Fabricantes de Blocos de Concreto)

Pesquisa sobre pavimentos permeáveis.

A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) está desenvolvendo uma pesquisa sobre pavimentos permeáveis – tipo de piso que permite a infiltração de água para o solo –, com o objetivo de promover esse sistema construtivo e ajudar a combater as enchentes. A técnica, usada há mais de 30 anos em países como Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos, é uma das ferramentas que pode ajudar no combate às enchentes nos centros urbanos.

Este tipo de pavimento tem seu uso recomendado em estacionamentos, ruas com tráfego de veículos leves e calçadas. A diferença entre o permeável e os pisos comuns é que nele há espaços por onde a água passa e é absorvida pelo solo. “Para que a construção do pavimento permeável garanta a infiltração da água é preciso considerar toda a estrutura do pavimento e conhecer dados da região, como o tipo de solo, o nível do lençol freático e a frequência de chuvas”, ressalta Mariana Marchioni, engenheira da ABCP.

Ela acrescenta que todos os pavimentos precisam suportar e transmitir as cargas ao solo, resistindo às diferentes solicitações. Essa regra também vale para o pavimento permeável, cuja estrutura é composta basicamente por uma camada de base de granulometria aberta, ou seja, os agregados deixam espaços vazios onde a água infiltrada é armazenada. Esta estrutura também atua como filtro e ajuda a reduzir a contaminação da água. No revestimento, podem ser utilizadas peças de concreto para pavimento intertravado, placas de concreto poroso ou concreto poroso moldado in loco. Para se ter uma ideia, o concreto poroso permite a infiltração de cerca de 80% da água.

Esse sistema já é comercializado em São Paulo. O pavimento intertravado permeável, por exemplo, pode utilizar peças convencionais, portanto, todo fabricante que atenda às normas brasileiras está apto a fornecer o produto. Algumas indústrias de intertravados e placas de concreto também já fabricam a peça porosa.

Além dos estudos, a ABCP também montou, na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, nos Jardins, bairro de São Paulo, um protótipo de pavimento permeável num trecho de calçada. Na cidade, também estão sendo conduzidos testes em um estacionamento da Universidade de São Paulo (USP).

Alternativa para redução de enchentes

A crescente impermeabilização do solo e a insuficiência de sistemas de drenagem tornam as enchentes um evento cada vez mais comum, causando enormes prejuízos aos municípios, em função de congestionamentos, queda de árvores e casas, alagamento de bairros inteiros, queda de energia elétrica etc. Em condições normais, a água da chuva infiltra no solo e retorna ao lençol freático para realimentar lagos e rios, mantendo o ciclo natural da água. Com a impermeabilização das ruas e aumento das áreas edificadas, a água da chuva chega em grande velocidade aos rios, causando as inundações. Este quadro é agravado pelo efeito das ilhas de calor: aumentos localizados da temperatura nos centros urbanos causados pela intensa urbanização, resultando, entre outras coisas, em chuvas mais intensas e localizadas nesses pontos.

O custo de execução do pavimento permeável é menor quando comparado com outros sistemas utilizados no combate às enchentes. Os “piscinões”, por exemplo, além do alto custo de implantação, também demandam custo de manutenção com limpezas periódicas. Além disso, a sua utilização permite aproveitar ao máximo a área útil do terreno, algo de grande importância em uma cidade como São Paulo. Em São Paulo, inclusive, a Prefeitura exige no mínimo 15% de área livre em um terreno.

ABCP

A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) é uma entidade sem fins lucrativos, mantida pela indústria brasileira do cimento, que há mais de 70 anos promove estudos sobre o cimento e suas aplicações. Reconhecida nacional e internacionalmente como centro de referência em pesquisas da construção, a ABCP também atua no desenvolvimento de tecnologias sobre o concreto e mantém uma equipe de profissionais graduados à disposição do mercado, para treinamentos, consultoria e suporte a grandes obras da engenharia brasileira. Tudo isso para garantir a qualidade e as boas práticas do produto que representa. Para saber mais sobre a ABCP, visite o site www.abcp.org.br.

Pavimento intertravado – Passo A Passo

Assentamento de blocos de concreto é rápido e dispensa argamassa. Conheça as etapas e dicas para executar o serviço

Piso tem fácil instalação e várias formas de execução. Saiba como assentar blocos de 16 lados no modo espinha de peixe

Reportagem: Romário Ferreira

Formado por blocos de concreto, o pavimento intertravado é muito utilizado em estacionamentos, condomínios residenciais e industriais, calçadas, praças, ruas e até trechos de rodovias. A execução é simples, não precisa de argamassa e também não exige mão de obra especializada, como é necessário na execução de pavimentos de asfalto, por exemplo.

O gerente de inovação e sustentabilidade da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Cláudio Oliveira Silva, lembra que, além de a instalação ser fácil, as peças são reaproveitáveis em caso de necessidade de manutenção ou intervenção de concessionárias de energia, gás, água, entre outros.

Os blocos possuem vários tamanhos, formatos e maneiras de assentamento. As peças utilizadas no passo a passo a seguir são chamadas popularmente de G16 (16 faces) e possuem 8 cm de altura – há também as de 6 cm e de 10 cm. Um dos mais tradicionais é o bloco retangular, com quatro lados, que é chamado de tijolinho.

“Para executar um metro quadrado, utilizam-se 50 peças tipo tijolinho. Já com o G16, são necessárias apenas 40 peças. Isso gera uma economia considerável”, explica o engenheiro Nelson Joaquim Bento, da Roterpa Instalações de Pisos.

Segundo Bento, este pavimento é muito versátil e pode ser executado, geralmente, em três layouts diferentes: amarração, dama e espinha de peixe. A última escolhida para essa obra, é a mais indicada para tráfego de carros e caminhões. A seguir, confira a execução do pavimento intertravado realizada no estacionamento de um condomínio residencial em São Paulo.

Capacete, botas, luvas, óculos de proteção, protetor auricular, enxada, pá, régua, vassoura, lápis, marreta, trena, colher de pedreiro, linha de pedreiro e guilhotina de pressão.

1.Com o solo previamente regularizado e compactado, faça o nivelamento inicial com bica corrida em toda área a ser pavimentada. Com uma enxada, espalhe bem para que nenhuma área fique desnivelada.

2.Em seguida, faça as medições e tire os pontos de referência conforme os caimentos necessários. O próprio bloco pode servir de ponto. Faça isso em toda a área que será pavimentada.

3.A base para receber as peças deve ser preparada com pedrisco limpo. Primeiro, espalhe todo o pedrisco com uma enxada. Cuidado para não cobrir ou danificar os pontos de referência.

4. De acordo com os pontos posicionados inicialmente, faça o sarrafeamento do pedrisco com uma régua.

5. Depois que a base estiver totalmente nivelada, comece a organizar as peças no chão. Inicie pelo bloqueio, que pode ser uma guia, um muro ou algo onde o bloco possa ser contido. Nesta etapa, utilize uma linha de pedreiro para manter o nivelamento

É essencial haver bloqueios em todos os lados para garantir o travamento do pavimento, senão as peças podem se soltar. O bloqueio também pode estar entre pisos, sendo separados por uma miniguia.

6. Siga com o encaixe dos blocos. Neste caso, o encaixe foi feito no modo espinha de peixe, que é mais indicado para o tráfego de automóveis.

Além do modo espinha de peixe, é possível realizar o assentamento em forma de dama (em quadrados) ou de amarração. Ambos são mais indicados para locais com tráfego de pedestres.

7.Quando a execução chegar no outro canto, será preciso fazer os arremates. Para isso, marque, com um lápis, o tamanho necessário do bloco.

8.Com uma guilhotina de pressão, corte o piso para dar o encaixe.

9.Com o cabo da marreta, encaixe o bloco cortado.

10. Realize os demais arremates até ficar desta forma.

11.Depois de finalizar os arremates, faça o rejuntamento com areia média lavada. Não é usado cimento, apenas areia. Jogue-a sobre o pavimento e depois, com uma vassoura, espalhe-a por toda a área a fim de preencher os espaços entre os blocos.

12. Por fim, utilize um rolo compactador para fazer o travamento do piso. Passe-o por todo o pavimento em movimentos de vai e vem. Depois de travá-lo, a execução está finalizada e já pode receber tráfego de veículos.

DICA:
Para conservar o pavimento, é recomendável deixar a areia espalhada sobre ele enquanto outras etapas da construção ainda estão sendo executadas.